Crianças do Instituto para o Tratamento do Câncer Infantil dependem delas e dos voluntários para sobreviver. Pesquisa mostra que brasileiros gastam, em média, 4 horas e 36 minutos por mês com esse tipo de ação.
O sentimento que move as pessoas a ajudar outras também é tema de uma série de reportagens que o Jornal Nacional está exibindo esta semana. Nesta terça-feira (20), o repórter Rodrigo Alvarez mostra a perseverança de um voluntário que ajuda a salvar vidas. O homem que amanhece ensinando voluntários aparece, agitado, horas depois, na fila de espera do banco de sangue. Missão dificílima: a doação de plaquetas leva mais de uma hora.
Mas plaquetas são componentes do sangue indispensáveis para quem tem câncer. E Seu Pedro é persistente. Consegue uma, duas, três doadoras. E ajuda a salvar três vidas. “Olha, na realidade, eu não salvei nenhuma, quem salvou é justamente quem está doando o sangue”, diz.
Claro que salvou. E Edilene também. “Acho que hoje foi o dia, hoje é o momento. Agora é o momento”, diz Edilene.
Quando o sangue processado no equipamento produz o líquido amarelo, é o grande momento! As plaquetas de Edilene se juntam a de outros doadores e seguem em uma viagem urgentíssima pelos hospitais de São Paulo.
O Eduardo, de 4 anos, e a Manuela, de 5 anos, são bons exemplos de crianças que precisam das doações de plaquetas das pessoas que Seu Pedro ajudou a convencer. Só o Eduardo já recebeu 13 transfusões de plaquetas e agora está recebendo mais uma. A Manuela, todo mês, precisa de duas a três transfusões.
As plaquetas ajudam na coagulação do sangue. E as crianças do Instituto para o Tratamento do Câncer Infantil dependem delas. Dependem dos voluntários para sobreviver.
No perfil do voluntário traçado pelo Ibope, descobriu-se que se gastam, em média, 4 horas e 36 minutos por mês com esse tipo de ação. Seu Pedro fez as contas e concluiu que gasta 26 horas por mês. Ficou frustrado. “Isso é só 6%, 7% do tempo da gente, é uma quantidade mínima”, diz.
A pesquisa trouxe uma surpresa até para quem conhece de perto o coração dos voluntários: 87% têm motivação para fazer ainda mais.
“O que motiva essas pessoas? No fundo é a vontade de viver em um mundo um pouquinho melhor. ‘Se eu puder participar disso e melhorar de alguma maneira, valeu para mim’. É isso que o voluntário pensa”, avalia Maria Lúcia Meirelles Reis, diretora do Centro de Voluntariado de SP.
Marcos se prepara para um transplante de medula e depende cada vez mais de plaquetas.
Não sabia quanta gente voluntária luta pela vida dele. “Pensei: ‘se soubesse disso antes, eu mesmo teria começado a fazer doações muito antes’”, conta;
Seu Pedro, o missionário das plaquetas, jamais tinha conhecido um paciente. “É tão pouco que a gente faz para uma pessoa que realmente precisa. Então, isso, embora seja só a parte inicial do processo, quando a gente chega nessa parte e está vendo onde é que estão sendo usadas as plaquetas, é muito gratificante para a gente”, destaca Pedro.
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